domingo, 1 de setembro de 2013

Não há Plenitude Espiritual sem Batalha! Batalha Espiritual!


AUSÊNCIA DE GUERRA 

 
         Quando ensinamos aos novos convertidos sobre a batalha espiritual que nos cerca, isto lhes parece fantasia.
 
          Primeiro, porque não estão habituados ao convívio com o mundo espiritual. Segundo, porque são poupados da guerra no início de sua caminhada, exatamente como se deu com a nação israelita: 
 
"Tendo Faraó deixado ir o povo, Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto, pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao Egito.
Porém Deus fez o povo rodear pelo caminho do deserto perto do Mar Vermelho; e, arregimentados, subiram os filhos de Israel do Egito."
Êxodo 13:17,18. 
 
          A batalha espiritual é um fato e não uma fantasia; vemos isto com clareza nas Escrituras e também no dia a dia de nossa vida espiritual. 
 
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor a na força de seu poder.
Revesti-vos de toda armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mal e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis."
Efésios 6:10-13. 
 
          Contudo, assim como o Senhor poupou a seu povo no início da sua caminhada, também nós somos poupados até que tenhamos a maturidade suficiente para entrar em batalha. Sei pela minha própria experiência que durante um tempo não provamos da batalha contra os demônios pois Deus nos impede de ver a guerra para que não desanimemos; mas depois de estarmos mais consolidados na fé, o Senhor não só permitirá que entremos em guerra, como nos ordenará que batalhemos contra o inimigo! 
 
          Não há plenitude espiritual sem batalha; eles saíram do Egito sem ver ou conhecer a guerra, mas para entrar em Canaã era necessário pelejar contra os inimigos da terra. Não devemos, portanto, nos desanimarmos na hora da guerra, mas saber que é um sinal de que estamos no limiar da terra prometida, e não de que fomos abandonados. 
 
 
COMPREENDENDO A REJEIÇÃO 
 
          O que torna este processo um tanto quanto dolorido, é que ele aparenta rejeição ou abandono. É quase inevitável provar este sentimento, mesmo nos conscientizando de que é apenas um momento de tratamento de Deus. 
 
          Penso, contudo, que o fato de sentirmos isto tão fortemente, não se deve somente ao lado humano, frágil, que sente a necessidade de curtir sua própria dor, mas que Deus mesmo usa deste sentimento para produzir outras coisas em nosso íntimo, tratando conosco de forma mais profunda do que parece. Ao observarmos a vida dos homens que se destacaram servindo a Deus, não consigo encontrar um sequer, na Bíblia ou na história, que não tenha passado por um profundo sentimento de rejeição. Parece-me que a sensação de rejeição é uma das ferramentas que Deus usa para aperfeiçoar nosso caráter, pois ela tem um poder de produzir grandes REAÇÕES no nosso íntimo. 
 
          O próprio Jesus experimentou a rejeição em diversos níveis; João 7:5 diz que nem seus irmãos criam nele. Marcos 6:1-6 nos mostra que seus vizinhos também não criam nele. Um dos doze o traiu. E a própria nação o rejeitou, pois como escreveu João: "veio para o que era seu, mas os seus não o receberam..." (Jo.1:11).
 
          Mas o pior sentimento de rejeição não é aquele produzido por homens, mas aquele quando parece que Deus nos rejeitou. Os homens, reconhecemos como falhos e imperfeitos, e quando nos rejeitam por alguma razão, podemos buscar refúgio em Deus; entretanto, quando parece que Deus nos rejeitou, para onde iremos? 
 
          Este tipo de sentimento mexe profundamente conosco! Jesus suportou bem toda rejeição que sofreu. Isaías se referiu a Ele em sua profecia como uma ovelha muda que não abriu sua boca quando levado ao matadouro, pois diante de toda rejeição humana ele nada reclamou. No entanto, houve um único instante em que Cristo não permaneceu calado - quando bradou na cruz: "Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?" (Mt.27:46). A Bíblia diz que ele bradou em alta voz, ou seja: gritou. E o que é isto, senão um desabafo de alma? 
 
          Toda rejeição pode ser suportada no nível humano, mas não no divino. Quando parece que fomos rejeitados por Deus, não temos consolo em mais nada. Mas porque o Senhor permite que tenhamos este sentimento? Sabemos que quando Ele nos leva nas asas da águia, e nos lança ao ar para que aprendamos a voar, seu propósito não é nos abandonar mas sim fazer-nos crescer. Contudo, o sentimento de rejeição nesta hora é inevitável, e creio que Deus quer aproveitar este tipo de sentimento para produzir algo em nós
 
"Ele, Jesus, nos dias de sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplica a quem o podia livrar da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem"
Hebreus 5:7-9 
 
          O escritor nos revela que Jesus em sua condição humana passou por um tratamento de Deus, e aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu! Você pode imaginar isto? Jesus Cristo aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu, inclusive a rejeição. E o escritor aplica isto à ocasião em que Jesus orou por livramento da cruz no jardim do Getsêmani; ou seja, a um momento de conflito, onde parecia que Ele estava sendo abandonado por Deus. O evangelho de Mateus declara que sua alma estava cheia de tristeza até a morte. Isto é rejeição. Angustia e tristeza à ponto de sentir a morte não dão nenhum outro sentimento a não ser solidão e abandono! 
 
          Mas no sofrimento da rejeição Ele foi aperfeiçoado por Deus. Tal sentimento provocou dentro dele respostas e uma reação para Deus. Quando nos leva "nas asas da águia" Deus quer produzir em nós o mesmo. É um tempo de crescimento. 
 
          Além de Jesus, podemos ver o mesmo exemplo de rejeição na vida do apóstolo Paulo. Depois de sua conversão em Damasco, ele foi para Jerusalém e a Palavra nos declara que os cristãos tinham medo dele, não acreditando que fosse de fato discípulo e não o recebiam (At.9:26). Não bastasse a rejeição inicial por parte dos cristãos, Paulo experimentou em quase todo o seu ministério perseguição por parte dos judeus; sua nação também o rejeitou, razão pela qual ele ficou preso muitos anos, indo seu julgamento até Roma. Não bastando isto tudo, durante o tempo de sua prisão até mesmo alguns de seus colaboradores o abandonaram: 
 
"Procura vir ter comigo depressa.
Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para a Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito para a Dalmácia.
Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério."
II Timóteo 4:9-11. 
 
          Paulo declara que em sua primeira defesa ele esteve sozinho, que ninguém estava ao seu lado, mas que o Senhor esteve ao seu lado e o fortaleceu, e isto lhe foi um conforto. Como já disse, é fácil suportarmos a rejeição no nível humano, quando o Senhor está ao nosso lado; mas e quando nos sentimos rejeitados por Ele? Em sua segunda carta aos coríntios, Paulo desabafa num momento destes, e declara que achava que Deus havia posto os apóstolos em último lugar (II Co.4:9). O que seria isto a não ser achar-se no fim da fila, como quem ficou para ser atendido depois dos outros? E ele enfatiza: "a nós, apóstolos"; como querendo dizer: somos apóstolos, não devíamos estar no fim da fila, mas no início. 
 
          Sabemos que Deus não nos rejeita, mas por que Ele permite situações que nos fazem sentir assim? O que Ele quer com isto? Mais uma vez insisto em declarar que Ele se utiliza deste sentimento para provocar em nós uma reação, uma resposta para Ele. Então dá-se conosco o mesmo que se deu com Jesus: foi aperfeiçoado pelas coisas que sofreu, inclusive a rejeição. 
 
          Podemos compreender melhor este conceito, quando o apóstolo Paulo diferencia a tristeza segundo o mundo e a tristeza segundo Deus. A Bíblia não diz que nunca seríamos contristados e que só viveríamos em alegrias mil; pelo contrário, diz que Deus tem uma tristeza para ser usada nos seus! Só que ela nada tem a ver com a tristeza deste mundo. Sua diferença percebe-se não somente por quem a origina, mas também pelos resultados que produz. Observe: 
 
"Agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis.
Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte."
II Coríntios 7:9,10. 
 
          Uma conduz à vida, outra à morte! E como a tristeza segundo Deus pode produzir em mim vida? Pelas reações que em mim provoca. Paulo fala que esta tristeza segundo Deus havia produzido uma reação interior positiva nos coríntios: 
 
"Porque quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que defesa, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vindita! Em tudo destes prova de estardes inocentes neste assunto."
II Coríntios 7:11. 
 
           Note as palavras "defesa", "indignação", "temor", "saudades", "zelo", e "vingança". Eu diria que o sentimento de rejeição provoca em nós uma reação destes sentimentos mencionados pelo apóstolo. No brado de Jesus na cruz, Ele mostrava saudades do Pai, indignação pelo aparente abandono, temor por estar sozinho, e defesa de si mesmo. 
 
          As reações podem ser claramente vistas! No caso de Paulo que mencionou ter sido colocado por último, não foi diferente; havia a indignação do fim da fila, as saudades de quem parecia já ter estado no início da fila, sua defesa demonstrando ser espiritualmente melhor que os coríntios, o zelo dele pelo Senhor sendo suscitado e a reação de um combate contínuo e forte. 
 
          A rejeição produz em nós a reação do nosso valor-próprio. E porque Deus a permite? Para nos ensinar a auto-negação. Não há crescimento espiritual genuíno sem que haja a auto-negação. E na hora em que nos ensina a voar, além de nos dar a maturidade de vivermos a vida cristã sem ser carregados no colo, Deus ainda faz isto de um modo em que venhamos a conhecer seu tratamento em nós. 
 
          Paulo declarou que em certa ocasião orou três vezes sobre um assunto e não foi atendido por Deus. Mas esta aparente rejeição era um tratamento de Deus na vida dele, para lhe ensinar a caminhar em humildade. Trata-se de seu espinho na carne, relatado em II Coríntios 12:7-10. O agir de Deus continua sendo invisível aos nossos olhos. Suas formas de operar em nós são tão variadas! Até mesmo nossas próprias crises, como as de rejeição, podem ser um tempo quando Ele esteja nos fazendo crescer em sua presença... 
 
          Embora o agir de Deus nos pareça algumas vezes tão incerto e imprevisível, uma coisa temos como certa: Ele JAMAIS nos abandonará! Ele está conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Como declara o famoso poema, "pegadas na areia", há momentos quando parece que ficamos sozinhos, mas é justamente nesta hora que o Pai nos carrega no colo. Precisamos compreender a rejeição, ou, melhor dizendo, a APARENTE rejeição, que pode ser mais um instrumento do agir invisível de Deus.

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