segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O Fogo consome até cessar... para aperfeiçoar!



FOGO CONSUMIDOR
 
          Há um aspecto do tratamento de Deus que não tem sido compreendido por muitos cristãos. É a revelação de Deus como um fogo consumidor:
"Porque o nosso Deus é um fogo consumidor."
Hebreus 12:29. 
 
         Muita gente não entende que Ele executa o seu juízo sem deixar de ser amoroso, e acham que ser fogo consumidor é ser destruidor, mas Deus está interessado em nosso bem mesmo quando se revela como um fogo consumidor. 
 
         Quero deixar bem claro um princípio: o fogo não consome todas as coisas, somente as que são consumíveis.
 
Quando Paulo escreveu aos coríntios, falou a respeito disto:
"Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um, pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará.
Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo."
I Coríntios 3:12-15. 
 
          O ouro, a prata, e as pedras preciosas não se queimam; somente a madeira, o feno, e a palha. O fogo não queimará tudo, mas somente o que tem que ser queimado; há obras que resistem ao fogo, pois o propósito dele não é destruir tudo o que encontre, mas tão somente aquilo que é inútil e que não deve permanecer em nossas vidas. Há momentos em nossa vida onde passaremos por provas de fogo, mas assim como no caso dos três amigos de Daniel em que o fogo só queimou as amarras, também nas nossas vidas o fogo se limitará a queimar somente aquelas coisas que devem ser consumidas. Quando o tratamento chega ao fim, Deus dá testemunho de que o fogo não consome tudo, só o que é necessário. 
 
          No Velho Testamento, lemos a história do profeta Elias que orou e por duas vezes desceu fogo do céu e consumiu os homens que os perseguia (II Re.1:9-15). Já no Novo Testamento, lemos que Tiago e João, filhos de Zebedeu, quiseram imitar Elias quando Jesus não foi recebido por uma aldeia de samaritanos, e se propuseram a orar para que descesse fogo do céu e os consumisse. 
 
          Naquela mesma hora, Cristo repreendeu seus discípulos dizendo-lhes: "Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las" (Lc.9:55,56). Ou seja, a visão de fogo consumidor que eles possuíam era a de destruição, mas o fogo consumidor deve ser visto por outra ótica, pois Deus não quer nos destruir, mas sim nos restaurar, e o fogo só queima o que é consumível. 
 
          Esta é a revelação da sarça ardente que Moisés viu. Há momentos quando o fogo consumidor já não está consumindo, como foi no caso da sarça, pois Deus só quer ser fogo consumidor em nossas vidas até a hora em que já não haja mais o que ser consumido. A revelação da sarça nos mostra exatamente isto, o ponto em que Moisés chegara depois de quarenta anos no deserto: já não havia mais o que ser consumido.
Porque na sarça o fogo ardia e não a consumia?
 
Vejamos o texto bíblico em seus detalhes para dele extrairmos os princípios:
"Apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã; e, levando o rebanho para o lado ocidental do deserto, chegou ao monte de Deus, a Horebe.
Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo do meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.
Então disse consigo mesmo: Irei para lá, e verei esta grande maravilha, porque a sarça não se queima.
Vendo o Senhor que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou, e disse: Moisés, Moisés! Ele respondeu: Eis-me aqui.
Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus."
Êxodo 3:1-6. 
 
          Afim de entendermos bem o que acontecia com Moisés neste momento da visão, é preciso fazer uma pequena retrospectiva de sua vida. Moisés foi colocado por seus pais num cesto nas águas do rio Nilo, e encontrado pela filha de Faraó, que o adotou. A mãe dele foi chamada para criá-lo até determinada idade e ainda foi paga para isto; Moisés viveu no palácio e foi educado em toda ciência dos egípcios. 
 
          Havia uma distância muito grande entre a realidade que ele vivia no palácio e a que o seu povo vivia sob o jugo egípcio da escravidão; isto contribuiu para que o seu coração ansiasse pela libertação de seu povo. Aos quarenta anos de idade, ele visita seu povo e vendo um egípcio maltratando a um hebreu, o matou. Fez isto por uma única razão que Estevão nos revela em sua pregação: "Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar, por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam" (Atos 7:25). 
 
          Esta é uma declaração importantíssima acerca de Moisés, pois mostra que mesmo antes de Deus ter lhe falado ao coração sobre libertar seu povo, ele já desejava isto. De fato, a Bíblia declara que Deus opera em nós o querer e o realizar (Fl.2:13); Ele começa despertando em nós um desejo antes de nos levar a fazer o que planeja. Contudo, não é só o querer que vem de Deus, o realizar também deve vir, e nesta ocasião Moisés ainda não entendia isto e quis fazer sozinho a obra de Deus. Ele quis ser o libertador na força da carne e de seu próprio braço, mas Deus não aceita e não abençoa isto, pois devemos depender d'Ele e nos mover n'Ele se queremos fazer sua obra! 
 
          Moisés começou fracassando, pois o homicídio que praticou foi descoberto e o rei quis matá-lo ao entender suas intenções. Então teve de fugir e foi para a terra de Midiã, onde peregrinou por quarenta anos, casou e teve seus dois filhos. Este homem com toda cultura e sabedoria que possuía, passou quarenta anos apascentando os rebanhos de seu sogro no deserto. Quando o Senhor se revela a ele, já tinha oitenta anos de idade. Já não lhe parecia que o Senhor ainda o quisesse usar, afinal de contas quando Moisés estava no auge de seu vigor físico Deus o "rejeitara". Mas para que o Senhor o usasse como veio a usar, era necessário trabalhar a vida dele, tratá-lo, adestrá-lo. 
 
          Por que Moisés não pôde libertar o povo aos quarenta anos?
          Simplesmente porque não era o tempo de Deus. O Senhor já havia falado a Abraão acerca disto; que os hebreus seriam escravizados e afligidos por quatrocentos anos, e retornariam na quarta geração para a terra de Canaã, pois era necessário que a medida da iniquidade dos cananeus se enchesse antes que Deus os julgasse, dando a terra aos hebreus (Gn.15:13-16). Mas havia também o tempo de Deus na vida de Moisés. Ele precisava estar espiritualmente preparado, e tudo o que ele tinha era o preparo dos egípcios, pois fora educado como um príncipe. 
 
          É aí que entra a revelação da sarça. Depois de quarenta anos consumindo os "excessos" do preparo egípcio de Moisés, Deus se revelou a ele mostrando que já não mais havia o que consumir, que ele agora estava pronto para fazer a obra para a qual Deus o designara. É interessante notar que Deus também não acusa Moisés pelo homicídio que cometera quarenta anos antes, pois a revelação de Deus no fogo da sarça, não é de destruição, mas sim de restauração. 
 
          O Senhor pede que ele tire as sandálias de seus pés para que a sola de seus pés estivessem em contato direto com terra santa, para se expor à santidade de Deus. Veja que o propósito do Senhor é restaurá-lo e usá-lo depois de quarenta anos consumindo as coisas que deveriam ser consumidas em sua vida. Então o Senhor lhe mostra que o fogo só consome enquanto tem o que consumir, depois já não mais, pois o propósito do fogo não é destruir, mas aperfeiçoar. 
 
          Em todo o tratamento que passamos, Deus quer o nosso bem. Ele tem planos de bem e não de mal, e quer nos dar o fim que desejamos, com um futuro e uma esperança. Não devemos ter medo de seu tratamento, nem do fogo consumidor; pois se estamos abertos ao seu tratamento, tudo o que iremos provar é o aperfeiçoamento.
 

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